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Ação Nacional
Críticas e Comentários
Ação Nacional - um autêntico hino de amor ao seu país, onde estuda, investiga e analisa os mais graves e complexos problemas da nação. Publicado em 1937, pela Editora A. Coelho Branco Filho, Rio de Janeiro (RJ).
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LIVROS NOVOS "AÇÃO NACIONAL" - JOSÉ MENDONÇA - A. COELHO BRANCO FILHO - EDITOR. Jornal "A Batalha", 15 de janeiro de 1937
LIVROS NOVOS "AÇÃO NACIONAL - JOSÉ MENDONÇA - A. COELHO BRANCO FILHO - EDITOR
É um livro de grande oportunidade. Procura o autor neste trabalho "dar unidade ao pensamento brasileiro, sistematizar a ação nacional, tendo em vista exclusivamente os supremos ideais de integridade, de autonomia e de desenvolvimento da pátria".
O Sr. José Mendonça evidencia os defeitos das nossas instituições políticas, econômicas e sociais e, patrioticamente, para "a formação de uma nacionalidade poderosa" traça as diretrizes que devemos seguir. Pelas verdades que contém "Ação Nacional" se recomenda.
Jornal "A Batalha", 15 de janeiro de 1937
"Ação Nacional" - Jornal "Gazeta de Uberaba". Uberaba (MG), 17 de janeiro de 1937 - Seção "Livros Novos"
"Ação Nacional", de José Mendonça
Editado pela livraria "A. Coelho Branco", do Rio de Janeiro, acaba de ser dado à luz da publicidade um livro magnificamente impresso de autoria do nosso conterrâneo José Mendonça. Apesar de ainda não termos lido a obra, que acaba de nos chegar às mãos, acreditamos não ser temeridade afirmar que se trata de um trabalho de valor, pois José Mendonça, figura marcante no jornalismo e na intelectualidade triangulina, não escreveria livro medíocre. O nome do autor tem um lugar privilegiado entre a nova progênie de intelectuais desta zona. Quer como advogado, quer como jornalista, o dr. Jose Mendonça tem dado provas de possuir um espírito brilhante e uma grande visão intelectual dos problemas da vida moderna. Daí, a sua autoridade para escrever "Ação Nacional", onde estuda os nossos problemas da maior atualidade e palpitação. Estamos certos de que um grande sucesso de livraria está reservado a Ação Nacional".
Jornal "Gazeta de Uberaba". Uberaba (MG), 17 de janeiro de 1937
"Ação Nacional" - Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 20 de janeiro de 1937 - Artigo de Paulo Rosa
"Ação Nacional"
(Especial para "Lavoura e Comercio", por Paulo Rosa)
Na nova geração de intelectuais mineiros José Mendonça ocupa um dos lugares mais altos pelo brilho de suas idéias, pela sinceridade de seus objetivos e pela honestidade de suas afirmações. Não é de hoje que, através da ação mais constante e fecunda, pela imprensa e pela tribuna, vem o publicista uberabense analisando e comentando com largueza de visão os problemas primaciais de nossa nacionalidade, apontando diretrizes, sugerindo normas, indicando caminhos para a resolução de nossas questões básicas, dentro de uma clara compreensão de realidade.
Numa época em que a intelectualidade, principalmente a brasileira, por força de circunstâncias e por falta de estímulo, ou se submete acomodatícia e displicente a uma superficialidade rasa no encarar os problemas sociais ou se ajusta descontrolada ao confusionismo reinante, estabelecendo com a sua autoridade e seu prestígio um ambiente de maior perplexidade e mais intenso embaralhamento de idéias e fatos, é consolador encontrar aquele que olha o panorama social brasileiro com mais devotamento e seriedade um espírito preciso como o de José Mendonça, que nunca sacrifica a clareza e honestidade de seu pensamento ao intuito de espantar as massas com sugestões alucinantes de fogos-de-vista.
O Brasil sofre de dois males dolorosos.
Um é o alheamento ou desconhecimento completo de sua realidade. Não há para a resolução sólida plantada no chão firme dos imperativos da realidade nacional. Construímos no ar, copiando e arremedando o que se faz em outras partes, sem cogitarmos da praticabilidade ou viabilidade de nossos planos mirabolantes. Desde a nossa Carta Magna até a mais simples lei, tudo é feito, visando belezas inúteis e cintilantes, para o papel ou para a satisfação de nosso espírito acadêmico. "Afastem-se os nossos dirigentes, escreve José Mendonça e com a sua visão torreana do assunto, afastam-se os nosso dirigentes, clamorosamente, das mais impressionantes realidades brasileiras, dedicando-se a práticas e cogitações que não encontram base na terra, sem um programa de ação nacional, sem uma orientação segura para o seu desenvolvimento".
O outro mal é a mais completa desorganização em todos os setores das atividades públicas. No Brasil é a desordem sistemática a única cousa verdadeiramente sistematizada que temos. E na falta de organização eficiente tudo se processa dentro de um imediatismo político constrangedor, cogitando-se tão somente em satisfazer as necessidades iniludíveis da coletividade. Esse panorama de desorganização acentuada é aquele que todo espírito mais observador e imparcial há de ver nos quadros sociais de nossa terra.
É exatamente para lutar contra esses dois males que Jose Mendonça lança agora à publicidade o seu livro "Ação Nacional", que constitui, em verdade, "um trabalho de construção". Dono de uma inteligência aprimorada por uma cultura firme, José Mendonça se coloca assim entre os vanguardeiros de um movimento sério e digno de estudos sensatos de nossas questões essenciais. Trazendo como características de sua mentalidade, limpidez e profundidade, o autor de "Ação Nacional" que, com apostólica tenacidade, já vinha empreendendo a sua jornada brilhante em prol do nosso país, contribui agora com o seu livro, de maneira inestimável, para o grande edifício da Pátria de amanhã.
"Ação Nacional" é uma obra de afirmação de fé, de idealismo sadio e construtor. É um trabalho de pensamento que, "nestes temos dolorosos e terríveis de anarquia mental e de desordem econômica", deve ser lido e meditado por quantos tenham alguma parcela de responsabilidade nos destinos do Brasil. Com efeito, nesse farto manancial de idéias e sugestões, José Mendonça aborda com segurança e com aquela sua reconhecida sagacidade, problemas dos mais urgentes de nossa nacionalidade. Problemas de finanças, de educação, de política, de economia, de etnografia, de eugenia, de defesa militar, de higiene, etc, são aí analisados, debatidos e criticados com justeza. E para todos eles há a indicação de uma resolução honesta e simples, calcada na realidade de nosso meio. E para tudo isso um corpo homogêneo e sólido de medidas seguras, constituindo o que o autor chama "Planejamento", que não é senão a coordenação e sistematização de todas as forças nacionais no sentido "do desenvolvimento do país e da consolidação da nacionalidade".
É para a defesa brilhante dessa sua idéia que José Mendonça se estende através das páginas de seu livro numa crítica cerrada e justa a nossa situação atual, sugerindo as bases fundamentais do seu sistema de Planejamento.
Não comporta a exigüidade de um artigo de jornal uma apreciação mais detalhada das idéias apresentadas pelo autor de "Ação Nacional". Em artigos posteriores, pretendo me alongar na consideração de três pontos debatidos em seu livro: educação, higiene e ruralismo, bordando em torno deles comentários mais largos, dada, a meu ver, a sua mais ampla e urgente necessidade de resolução.
E aqui quero, apenas deixar frisado que José Mendonça demonstrou com o seu livro que ele soube atender da melhor maneira à conclamação do Brasil numa hora de tão graves responsabilidades como essa, emprestando o brilho de sua inteligência e a clarividência de seu espírito para o melhor "combate" de salvação da nacionalidade".
Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 20 de janeiro de 1937
Um Livro Notável - José Mendonça - "Ação Nacional" - Jornal "A Voz do Sul". Anápolis (GO), 24 de janeiro de 1937 - Artigo de Xavier Junior
Um Livro Notável
(José Mendonça - Ação Nacional)
Os interesses comuns que prendem o Estado de Goiás e o Triângulo Mineiro a São Paulo, a migração cada vez maior de mineiros e paulistas para nosso estado, a necessidade dos rapazes goianos do sul procurarem a sua educação secundária nos estabelecimentos de ensino do Triângulo, um conjunto de circunstâncias especiais que têm presidido ao nosso desenvolvimento econômico, subordinando-o diretamente àquela região de Minas e indiretamente ao Estado de São Paulo, tudo isso concorre para que a imprensa do Triângulo Mineiro esteja sempre ligada às lutas políticas de Goiás e seja sempre lida pelos goianos.
Para os leitores da imprensa triangulina que se não detêm apenas nos assuntos de ordem política, o nome do Dr. José Mendonça, causídico, pensador e jornalista de amplos recursos culturais e de seguro discernimento pessoal, e sobejamente conhecido.
Como aqueles aparelhos sensíveis que no pequeno âmbito de um laboratório anunciam os tremores de terra a léguas de distância, a atenção enciclopédica do Dr. José Mendonça, em dez anos infatigáveis de atividade na imprensa, nos admiráveis resumos que são os seus artigos, tem apresentado aos seus leitores a lição dos grandes acontecimentos mundiais e brasileiros.
Filho da Princesa do Sertão, tendo concluído parte dos seus preparatórios em S. Paulo e feito o seu curso jurídico no Rio de Janeiro, a sua sensibilidade reflete não um aspecto regional da alma brasileira, mas um patriotismo que palpita na extensão enorme das fronteiras de todo o Brasil e conhece de perto o coração ignorado da Pátria.
Acaba de publicar o livro "Ação Nacional", onde a vasta erudição se equilibra perfeitamente com o acerto na escolha dos trechos citados e a independência de opinião própria.
Na sopa de pedras a que se dá o nome de Idéias de Alberto Torres, ele sabe destacar o que há realmente proveitoso daquilo que é apenas obscuro aparato verbal, que os fanáticos decoram e repetem como papagaio.
Mantém-se a igual distância do otimismo, do pessimismo, do aplauso incondicional e da oposição sistemática.
Não é possível resumir um livro que é todo ele um palpitante resumo de tudo quanto se escreveu no Brasil sobre os grandes problemas nacionais e uma crítica elevada do modo por que os povos europeus estão resolvendo cada qual a parte que lhes coube na agitação política do mundo de após guerra.
Há pontos dos quais a nossa opinião diverge.
Isso não quer dizer que eu pretenda estar com a razão.
A respeito do Governo que o Brasil deve ter, diz o autor, na página 21:
"Esse governo não há de ser extremista, nem fascista, nem comunista, pois esses regimes avançados são incompatíveis com a realidade brasileira, com a nossa mentalidade, com as nossas tradições. Há de ser um governo como o de Carmona e Salazar, que não asfixie as liberdades populares, mas, que dirija com probidade e com heroísmo, a economia e as finanças do país".
Ora, os piores períodos que o Brasil atravessou na sua história republicana foram aqueles em que o presidente ou o mentor do presidente (Floriano Peixoto, Hermes - Pinheiro Machado, Arthur Bernardes, último ano do Governo Washington Luís) transformou o executivo em ditadura.
Os chamados governos fortes no Brasil têm sido apenas governos facciosos e violentos, enquanto os governos moderados, admitindo diversas opiniões, restaurando artificialmente os conselheiros de estado, que havia no Império, têm permitido ao país as suas fases de desenvolvimento e progresso.
Os melhores presidentes da República haviam sido conselheiros no Império. E, como acentuaram Medeiros e Albuquerque e Rodrigo Octavio em suas "Memórias", faziam reuniões do Ministério, como as antigas reuniões do Gabinete, mantendo as tradições de uma escola de estadistas, que a improvisação republicana destruiu e que o período tenentista acabou de anarquizar.
A recente exposição das finanças nacionais feitas perante o parlamento pelo Sr. Ministro da Fazenda demonstra que, depois da Nova Constituição Republicana, está começando a haver uma preocupação de responsabilidade nos assuntos de administração pública.
Mas o castigo de um escândalo administrativo, nunca apurado até o fim, continua a ser um premio de viagem à Europa, com vencimentos em ouro.
Esboça-se, nada obstante, um retorno a certas praxes do Império, que a Primeira República desprezou um tanto apressadamente.
Ora, no Brasil, os governos fortes têm sido os de maior irresponsabilidade.
Não é preciso mudar o regime. Basta obrigar os homens públicos a levarem a sério as funções que exercem ou, como diz o Dr. José Mendonça, noutro capítulo de seu valioso livro, aumentar o número dos homens públicos "que servem à pátria" e diminuir o número daqueles "que se servem da pátria".
Outro ponto em que o nosso modo de pensar não está perfeitamente de acordo é no capítulo da imigração estrangeira.
Creio que a restrição que ele acha razoável relativamente aos negros e amarelos deve ser mantida também quanto aos povos cuja imigração determinou a formação de kystos raciais no sul do Brasil, kystos estimulados pelos paises de origem, que fazem a propaganda da manutenção da raça e da língua nos países que os recebem de braços abertos e que constituem uma crescente ameaça para a integridade de nossa pátria.
A fim de não alongar o nosso comentário, deixamos para o próximo número da "Voz do Sul" a transcrição de dois trechos que muito interessam a Goiás. E fazemos votos para que o justo renome adquirido pelo Dr. José Mendonça no Triângulo Mineiro e no Brasil Central, agora, com a publicação de seu livro se estenda por todo o país.
Diante do valioso trabalho de um grande coração de um puro caráter e de um belo espírito, sentimos uma admiração comparável à que nos empolga em face de um panorama arrebatador.
Xavier Junior
Jornal "A Voz do Sul". Anápolis (GO), 24 de janeiro de 1937
Problema Brasileiro de Educação - Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 28 de janeiro de 1937 - Artigo de Paulo Rosa
Problema brasileiro de educação
(Especial para "Lavoura e Comércio", por Paulo Rosa)
"... No seu belo livro, em que há uma lógica elaboração de planos sensatos para a resolução prática de nossos grandes problemas, José Mendonça não poderia deixar de trazer a debate a questão educacional. Dois planos ele aventa para a resolução eficiente do problema: o plano de combate ao analfabetismo e o plano de educação nacional, que, aliás, a meu ver, poderiam se consolidar em um plano de educação nacional."
Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 28 de janeiro de 1937
"Ação Nacional" - Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 29 de janeiro de 1937 - Artigo de Odorico Costa
"Ação Nacional"
"Ação Nacional", com que o Sr. Dr. José Mendonça acaba de fazer a sua estréia, é um grande livro.
Grande e verdadeiro.
"Ação Nacional" é uma revista completa passada a todas as nossas falhas políticas, sociais e econômicas, é um retrato literário do Brasil enfermiço, do Brasil atrofiado por tantos erros, por tantos desmandos perpetrados por aqueles que tinham o dever de não errar, de acertar somente.
Por outras palavras, "Ação Nacional" , sem ser um veemente libelo contra os nossos impressionantes anti-republicanismo, é um roteiro inteligente e sincero para a construção daquele cintilante Brasil. Melhor que, em certo momento, pareceu ser preocupação dos guieiros e responsáveis pela revolução de 1930.
Abordando sinceramente todos os problemas basilares do Brasil, o autor foi verdadeiro e foi feliz. Foi feliz exatamente por ter sabido dizer a verdade. Sem pessimismo doentio e sem demagogia estéril.
A verdade, desde Pilatos que não a quis ouvir dos lábios do suave demagogo nazareno, é um perigo. A verdade sobre o Brasil tem sido dita com parcimônia, em doses homeopáticas. Isso que é um mal, um grande mal, tem, todavia, um aspecto benéfico. Evita que os brasileiros naufraguem irremissivelmente no desespero...
Enquanto as publicações oficiais vão afirmando que todas as forças vivas da Nação vão reagindo com galhardia ao império dos vários fatores de ordem geral, de caráter negativo enquanto a situação econômica nacional vai sendo pintada com cores mais vivas, o desequilíbrio vai minando ferozmente todos os esforços brasileiros. Comparando-se as próprias estatísticas oficiais, relativas aos negócios brasileiros, entre 1932 e 1936, a conclusão é estuporante. A nossa importação, em 1936, teve um custo maior de 189% que a de 1932. A nossa exportação, contrariamente, foi paga menos de 84% que daquele mesmo ano. Por outras palavras, isso quer dizer que o estrangeiro nos vende cada vez mais caro aquilo que dele compramos e nos compra cada vez mais barato aquilo que produzimos. Não pode ser mais dramática a nossa escravidão econômica. Temos todas as bazófias de uma nação livre mas, na verdade, não passamos de uma verdadeira colônia, de uma grande colônia em que mais de 40 milhões de homens válidos estão mais ou menos amarrados à ganância do especuladores de outros continentes.
O A., em seu ótimo livro, estuda todas essas nossas falhas. Estuda, expõe com clareza o resultado de seus trabalhos de pensamento e de observação racional, de acordo com as condições gerais da terra e com a situação especialíssima de nossa tente.
No Brasil, quem se der ao trabalho de examinar detidamente as diretrizes adotadas pelo governo em seu tríplice aspecto, federal, estadual e municipal, não tem dificuldade em concluir que vivemos em uma verdadeira pagodeira. Não temos rumos prefixados com o desejo de acertar, com a finalidade de bem servir à coletividade. Caminhamos às cegas, às tontas, iluminados de uma certeza irrefragável de que o país é grande, de que sobre o seu futuro podemos sacar todos os valores possíveis.
Abusamos tanto da faculdade de contrair empréstimos que chegamos ao ponto culminante de não ter mais quem nos concedesse crédito. Desculpa-se que a situação internacional é que não permite empréstimos externos. A desculpa é essa. A verdade, porém é que não pagamos, sequer, os primeiros empréstimos contraídos, quando conquistamos a independência na era de oitocentos ...
A revolução que A. Chiquet denomina de "um dos maiores flagelos com que o céu pode afligir a terra", até isso, já empregamos em nossa atividade política e administrativa. Fizemos uma experiência pirotécnica que, por um pouco, não comprometeu irremediavelmente toda a estrutura nacional.
Bem recentemente, um amigo meu, discutindo acontecimentos políticos insignificantes para outros povos mas que, no Brasil assumem tal importância que chegam a perturbar o ritmo da administração nacional, disse, com amargura, que, neste país, quem quisesse andar direito tinha necessariamente de tomar posição por um instinto de defesa nos extremismos.
Nos extremismos?
Sim, porque desvirtuamos a democracia que só nos tem dado péssimos governos.
Nessa crítica existe, evidentemente, um grande desejo de salvar o Brasil da aviltante pecha de "grande fracasso humano, que, bem recentemente, lhe arremessou um publicista estrangeiro qualquer.
"Ação Nacional", sem ter essa rudez de crítica, evidencia falhas clamorosas pelas quais, não o povo, mas o governo, é responsável. Somos deploravelmente desorganizados, política e administrativamente.
"Ação Nacional", sobre o seu valor como um livro evidenciador dos nossos mais angustiantes problemas, tem ainda, a virtude de fazer um incitamento vigoroso para que o povo se interesse afincadamente pelo futuro nacional, que se apresenta cheio de ameaças e de sombras.
Alegamos ingenuamente que não possuímos o problema terra, que tanta importância teve e tem nos destinos de outros povos. Entretanto, temos esse problema, e o possuímos de face mais negra, mais perigosa. Temos terra em demasia, em condições de despertar a cobiça de nações mais fortes. Um ex-ministro da França, sem rebuços, proclamou que o Brasil "tem vários territórios a serem utilizados e aproveitados". Nessas palavras há uma advertência terrível aos brasileiros. A Polônia, mais recente, ainda, em sua imprensa oficial e oficiosa, declarou que tem necessidade de colônias no continente africano ou no continente americano.
As ameaças tornam-se concretas a cada dia. E os exemplos do esmagamento dos povos fracos pelos povos fortes são a cada dia mais expressivos. A guerra ítalo-etiope prova perfeitamente que o gênero humano, mau grado o seu progresso, não evoluiu até o ponto de transformar em simples reminiscências históricas as guerras de conquista.
"Ação Nacional" é um grande livro. Grande em todos os sentidos: na magnífica intenção e em sua alta finalidade brasileira. Em suas duzentas e sessenta páginas há matéria para reflexões amargas, mas há, também incitamentos amoráveis a se ter fé e a se ter confiança nos destinos, nos grandes destinos do Brasil. É um grande livro.
Não podia ser mais auspiciosa a estréia do escritor uberabense que, no limiar do corrente ano, enriqueceu as letras brasileiras e deu aos governantes e governados do Brasil um seguro roteiro de todas as obrigações que uns e outros possuem para com esta terra tão grande e tão boa.
Odorico Costa
Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 29 de janeiro de 1937
O Problema Brasileiro de Educação -Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 28 de janeiro de 1937 - Artigo de Paulo Rosa
Problema brasileiro de educação
(Especial para "Lavoura e Comércio", por Paulo Rosa)
"No plano de combate ao analfabetismo, José Mendonça analisa com a sua maestria habitual a nossa precária situação de povo civilizado com um contingente acabrunhador de setenta e cinco por cento de analfabetos. "A massa imensa de iletrados brasileiros, escreve ele, não pode contribuir, de forma alguma, para o nosso desenvolvimento espiritual, para o nosso progresso cientifico, para a melhoria da nossa técnica, para a boa prática dos sistemas de representação e de direção do país. Serve, unicamente, como os animais, para o trabalho braçal dirigido por outros, brutalizada, explorada, quase sem consciência do que está fazendo".
... Depois de estudar com clareza e segurança os dois processos de que o governo pode lançar mão no combate ao analfabetismo: o direto e o indireto, José Mendonça se coloca em uma posição eclética, talvez a mais acertada, in medio veritas, por ser a mais lógica. E preconiza para o seu plano, dentre outras, as seguintes medidas de grande alcance e de resultados que me parecem apreciáveis: 1º)pelo processo direto: estabelecimento da gratuidade absoluta do ensino primário e fornecimento às crianças pobres de livros e materiais escolares; imposição, sob rigorosa sanção, aos patrões proprietários de usinas, fábricas, fazendas, estabelecimentos industriais e comerciais, da obrigação de manterem professores para a alfabetização de seus empregados e dos filhos destes; determinação de um mínimo de vinte por cento das rendas públicas para a instrução; inclusão nos programas de ensino primário dos primeiros elementos de ensino técnico-profissional; 2º) pelo processo indireto, diversas medidas coercitivas, tendentes a colocar em inferioridade de direitos os analfabetos."
Jornal "Lavoura e Comércio". Uberaba (MG), 05 de fevereiro de 1937
"Ação Nacional" - Jornal "Cidade do Prata". Prata (MG), 31 de janeiro de 1937 - Artigo de J. Seixas
Ação Nacional"
(Livro de autoria do sr. Dr. José Mendonça, editado pelo sr. A. Coelho Branco Filho, do Rio de Janeiro).
José Mendonça, o jornalista omnímodo e indefesso, tão justamente considerado com uma das figuras primaciais e de maior projeção da imprensa mineira, acaba de enfeixar em volume, sob o sugestivo título de "Ação Nacional", vários artigos seus, alguns inéditos e outros já publicados pela imprensa, inclusive pela "CIDADE DO PRATA".
Observador consciencioso e perspicaz, de lúcida inteligência, o distinto compatrício - conforme poderão atestar todos aqueles que acompanham a sua trajetória pelo jornalismo - é um dos que, com mais precisão, com mais acuidade e inexcedível devotamento cívico, se dedicam ao estudo e à explanação das teses que, de qualquer forma, possam interessar à comunhão nacional.
Ninguém, pelo menos na imprensa regional, o tem excedido no carinho, no zelo e, sobretudo, na percuciente e exata visão com que encara e procura solucionar os problemas de maior magnitude e que se relacionam com a evolução mora e material da nacionalidade brasileira.
As questões econômicas, os problemas de ensino, as falhas da nossa legislação, todas as controvérsias, idéias e iniciativas, enfim, que possam contribuir para o rápido e completo progredimento do nosso país, têm encontrado no ilustrado jornalista um batalhador persistente, esclarecido e intemerato.
A sua atuação na imprensa desta zona tem sido, incontestavelmente, de um brilho sem par.
"Ação Nacional" constitui uma prova eloqüente e magnífica de verdade que ressalta dessa nossa assertiva.
Palpita em cada uma das suas páginas o coração de um grande patriota, dominado sempre pelo anseio, que o empolga e exalta, de concorrer para a grandeza do Brasil e, mais do que isso, para que a Justiça, a Paz, a Perfectibilidade humana - todas as mais nobres conquistas da civilização se estendam pelo mundo, irmanando e tornando felizes os povos.
Todas as suas considerações e os seus conceitos revelam o seu persistente trato com os livros e com o estudo e a analise, demorada e minuciosa, das questões que debate e elucida.
No momento atual de ferrenho utilitarismo, em que os escritores, no jornal e no livro, se deixam abserver, de preferência, pelos assuntos escabrosos de ficção e de escândalo, sem nenhuma finalidade nobre e patriótica, é deveras de espantar que alguém se isole desse ambiente e, com dedicação, com desinteresse e sobretudo com grande proibidade, se entregue a locubrações mais sdias e mais altas, coma preocupação única de concorrer para que alguma coisa de útil e de estável assinale a sua atividade mental.
José Mendonça é esse jornalista de escol, original, probo e patriota, que sabe interpretar e defender, com precisão e denodo, as aspirações da coletividade.
É esse o conceito que dele formam todos aqueles que, alheados das coisas efêmeras e frívolas, se comprazem com a leitura de seus artigos e, principalmente, desse livro magnífico e precioso que reflete o seu grande e formoso espírito.
J. Seixas
Jornal "Cidade do Prata". Prata (MG), 31 de janeiro de 1937
Trecho da carta de Carlos Ramos. Rio de Janeiro (MG), 02 de fevereiro de 1937
"... Quis endereçar-lhe estas palavras por um motivo assaz justificável: li "Ação Nacional" e exultei de satisfação pelas grandes verdades que no livro se contêm.
Patrício e admirador
Carlos Ramos"
Leituras e impressões - Jornal "Correio Paulistano". São Paulo (SP), 20 de maio de 1937 - Artigo de Mathias Ayres
Leituras e impressões
Rio, maio.
... A organização do Brasil, dos alicerces à cumeeira, é idéia de que se faz pioneiro há muitos anos o jornalista e publicista José Mendonça, um dos nomes mais representativos da inteligência e da cultura no Estado de Minas.
Em "Ação Nacional", publicado este ano, reúne ele uma série de estudos que é, na realidade, uma série de teses em torno dos problemas básicos da nacionalidade.
Grande estudioso de tais problemas, José Mendonça examina-os com a acuidade de senso político, a nitidez de visão sociológica e a firmeza de percuciência econômica que caracterizam os espíritos superiormente orientados no rumo das grandes transformações complexas que exige, ou deve e pode exigir a vida de um povo nas condições do nosso.
Não têm segredos para ele as necessidades brasileiras, mas a sua lida, a sua constante batalha é por um plano orgânico, fundamental, substancioso, dentro do qual possam consumar-se racionalmente, em realidades fecundas, todos os anseios, todas as aspirações da nossa gente, o que vale dizer todas as conveniências de um país impaciente por alinhar-se entre os maiores países da terra.
A campanha de José Mendonça é sobretudo meritória porque, recusando eficiência à dispersão de esforços esporádicos e realização intermitentes, preconiza uma fórmula de articulação orgânica, estribada no encadeamento e na continuidade, de modo a imprimir ao Brasil uma fisionomia potencial e uma coesão de homogeneidade que o definam e o personalizem soberanamente no mundo.
Mathias Ayres
Jornal "Correio Paulistano". São Paulo (SP), 20 de maio de 1937
Livros Novos - ... JOSÉ MENDONÇA: "Ação Nacional" (A. Coelho Branco, Editor, Rio, 1937) - Jornal "O Estado de São Paulo". São Paulo (SP), 03 de julho de 1937 - Artigo de Plínio Barreto
Livros Novos
... JOSÉ MENDONÇA: "Ação Nacional" (A. Coelho Branco, Editor, Rio, 1937)
É do Brasil, também, que trata o Sr. José Mendonça no livro - "Ação Nacional". O Sr. José Mendonça sofre com a falta de organização da nossa terra. Dói-lhe ver que, apesar da identidade de origem, de história, de língua e de religião dos diferentes núcleos de sua população, vai o Brasil, a pouco e pouco, perdendo as características de nação, transformando-se em um "estado" composto de centros populosos que mal se conhecem e que, dia a dia, mais se diferenciam pelos ideais, pelo pensamento, pela emotividade. O seu desejo é que se estabeleça um plano de ação nacional que avive o espírito brasileiro, o sentimento brasileiro, a alma brasileira. Não é possível que os habitantes de uns Estados ignorem quase tudo que se refere aos outros Estados, principalmente aos mais distantes. Todos os regionalismos devem, na sua opinião, ser combatidos, e em cada um dos ministérios do governo federal precisa haver um conselho técnico, de caráter permanente que estabeleça planos nacionais para o desenvolvimento do país e para a consolidação da nacionalidade. Necessitamos, também de um governo heróico, isto é, de um governo capaz de todos os sacrifícios, de uma força de vontade inquebrantável, com a coragem de enfrentar campanhas rudes, descontentando muita gente, contando todos os tostões da receita, banindo o parasitismo político e administrativo, eliminando todos os gastos inúteis e supérfluos. Esse governo, porém, não há de ser extremista nem fascista, nem comunista - pois esses regimes são incompatíveis com a realidade brasileira, com a nossa mentalidade, com as nossas tradições. Deverá ser um governo à semelhança do de Carmona e Salazar, que respeite e assegure a liberdade, que estabeleça planos para a solução dos nossos problemas vitais, e os execute, que nacionalize as forças fragmentadas em grupos regionais, que torne real a responsabilidade por parte dos encarregados das coisas públicas, que saiba resistir às solicitações da política e da amizade, que coloque os interesses particulares abaixo dos interesses da pátria, que dirija com probidade e firmeza a economia e as finanças do pais e que concorra para a formação de uma mentalidade nitidamente brasileira. O que temos é deplorável. De nada vale o ensino que por aí se ministra à mocidade. Os nossos homens públicos são, pelo geral, improvisados e de uma ignorância palmar das coisas públicas. O nosso trabalho está pessimamente organizado. Os transportes, problema capital para um país de grandes distâncias, são miseráveis. O crédito, a bem dizer, não existe, as finanças são uma vergonha. Não há como fugirmos ao dilema de Euclydes da Cunha: ou progredimos ou desaparecemos. "Habitando uma das regiões mais fortes e mais extensa do mundo, não podemos, em face dos interesses e das necessidades do gênero humano, permanecer na estagnação, no marasmo, na pasmaceira, ocupando, inutilmente esta enorme porção do planeta". Lembremo-nos da advertência do Conselheiro Lafayette: "não é impossível que, no futuro, haja uma "espécie de desapropriação internacional por interesse da humanidade" dos grandes territórios que certos povos não sabem tornar úteis ao gênero humano. Esses territórios existirão só para que eles os detenham sem que sirvam à humanidade, ou poderão ser desapropriados por outros mais ativos e no interesse de toda a coletividade humana?"
O dilema de Euclydes da Cunha e a previsão do Conselheiro Lafayette devem estar, sempre, bem vivos no espírito de todos os brasileiros. Precisamos progredir, precisamos ser úteis a humanidade toda, precisamos transformar as nossas imensas possibilidades em real e efetivo elemento de civilização, beneficiando todos os povos. Do contrário, desapareceremos. Desapareceremos como inúteis, como incapazes, como inferiores, como indignos de ocupar um dos trechos mais ricos, mais prodigiosos da terra. Desapareceremos, para ceder lugar a outros povos mais ativos, mais realizadores, mais aptos a desempenhar um papel saliente na luta pela civilização, na marcha da evolução humana".
E para que se não leve à conta de pessimismo sombrio, essas palavras enérgicas, o Sr. José Mendonça recorda a sorte da Etiópia e a opinião de Hittler de que os países da Europa, que estão ficando super-povoados, terão mais cedo ou mais tarde, num ato de legítima defesa de sua existência, de tomar, pela força, os imensos territórios inaproveitáveis, pertencentes a povos inferiores, descongestionando a Europa e prosseguindo fora dali na obra civilizadora de que os europeus se julgam os principais, senão os únicos fatores. Relembra, também o que o Japão está fazendo na China e a opinião do político francês, sr. Paul Raynaud, de que o Brasil tem territórios que podem ser utilizados e aproveitados pelos povos europeus que precisam de expansão... Tomemos as nossas cautelas ante esses lições terrivelmente cruas e brutas,conclui o Sr. José Mendonça.
O conselho é de um patriotismo avisado. Não é possível, realmente, que continuemos a viver ao Deus-dará, sem olhar para o futuro, sem um trabalho intenso de organização, de todas as nossas atividades, sem uma política nacional, ampla e inteligente, que faça, do Brasil uma grande nação, que os outros respeitam e que, pela sua força, pela sua cultura, pela sua riqueza, venha a ser uma das mais poderosas colaboradoras da civilização universal. O Sr. José Mendonça tem toda a razão. Se nem tudo quanto aconselha para essa obra de patriotismo dará os resultados que supõe, muita coisa há nas sugestões que apresenta, capaz de concorrer para a transformação que se deve operar na vida brasileira, a fim de que nos tornemos dignos do país maravilhoso com que a sorte nos aquinhoou.
Plínio Barreto
Jornal "Estado de São Paulo. São Paulo (SP), 03 de julho de 1937
JOSÉ MENDONÇA - Ação Nacional - A. Coelho Branco Filho, editor - Rio de Janeiro - 1937 - Jornal "Jornal do Commercio". Rio de Janeiro (RJ), 11 de julho de 1937
JOSÉ MENDONÇA - Ação Nacional - A. Coelho Branco Filho, editor - Rio de Janeiro - 1937
É um livro que estuda os nossos principais problemas na ordem política, econômica, social e cultural. É inspirado em nobre e alevantado civismo e visa, sobretudo, dar organização a vida brasileira nas diversas esferas da atividade humana, o que equivale a abordar o objetivo máximo da nação organizada.
O Sr. José Mendonça vê as coisas brasileiras na sua realidade, sem arroubos líricos, nem tiradas artificiais de patriotismo insincero. Não hesita ante as duras verdades sobre o estado atual dos nossos grandes problemas. Procura mostrar a gravidade de certos aspectos da nossa política econômica e social para ressaltar melhor a necessidade urgente de uma ação nacional vigorosa e eficiente.
Seus quadros são sinceros, embora severos e, através deles, sente-se a verdade que os anima. Prega uma coesão maior entre os vários estados do Brasil imenso, combate as tendências regionalistas acentuadas, reconhecendo entretanto o federalismo como uma necessidade histórica. O Brasil não se conhece, diz ele, e cita a respeito alguns exemplos impressionantes.
Pode-se sentir nas suas expressões e conceitos um certo exagero que pode ir ao pessimismo. Alenta-o, porém, um alto objetivo que é o de promover a reação em face da gravidade exposta de certos aspectos da vida brasileira.
"Pouco a pouco, diz o autor, pelo recíproco desconhecimento, pelo caráter regionalista de quase todas as suas forças econômicas, morais, políticas e sociais, vão-se formando dentro do Brasil grupos distintos, possuidores de mentalidade, de emotividade, de idealismo diversos. Vão afrouxando, sensivelmente, os laços de coesão nacional".
Há, evidentemente, certos conceitos, certo exagero. Mas todos sentem, também, neles um fundo de verdade.
A pregação do livro tem um fim salutar e construtivo, seus objetivos são altos e o seu fundo é consolador. Ante os nossos males tão cruamente expostos, o autor traça um plano que, sendo apenas organização, é tudo: "O Brasil aproxima-se de uma situação idêntica à da China: - incompreensão, anarquia mental, falta de coesão patriótica, de unidade cívica.
E que exemplo grandioso temos nos Estados Unidos, onde cada um dos Estados goza de admirável autonomia, mas onde o povo alimenta um amor insuperável pela pátria comum, tem um ideal patriótico que não se divide, constitui uma nação.
Para eliminarmos esses males, para que possamos progredir rapidamente, para que todos os filhos desta terra passem a "olhar o Brasil com olhos de brasileiros", para formarmos o "Brasil-Nação", precisamos de Planejamento.
As forças nacionais não podem continuar dispersas e fragmentadas.
Em cada um dos Ministérios do Governo Federal deve haver um conselho técnico, de caráter permanente, que, depois dos estudos necessários, estabeleça planos nacionais para o desenvolvimento do país e para a consolidação da nacionalidade.
Teremos, dessa forma, entre outros, um plano de combate ao analfabetismo, um plano de educação nacional, um plano de reconstrução financeira, um plano para a solução do problema do transporte, um plano de industrialização do país, um plano para a ampliação do nosso sistema creditório, um plano para o engrandecimento da lavoura e da pecuária, um plano para a escolha, distribuição e localização de imigrantes, um plano de povoamento, um plano de produção."
Eis aí, em suma, o que o autor chama organização por planejamento.
Todos esses planos serão permanentes, deverão ser seguidos rigorosamente e não sofrerão a influência da mudança de governos, nem de administradores. Serão definitivamente assentados e não sofrerão interrupção na sua prática, até completa execução.
É o estudo de cada um desses planos e dos problemas neles contidos, que constitui a substância deste livro. São as nossas necessidades, os nossos erros, os defeitos a corrigir expostos por um observador agudo, cheio de idealismo e forte sentimento patriótico, que se encontram nessas páginas em que há muitas reflexões justas e muitos aspectos e conceitos dignos de apreço e meditação dos nossos homens públicos.
Dir-se-á, está claro, que há nesses planos muito idealismo. Valha-nos, porém, a boa intenção que anima o autor.
Por mais prático e materialista que se venha tornando o mundo atormentado dos nosso dias,é ainda com o idealismo que se constrói alguma coisa.
Jornal "Jornal do Commercio". Rio de Janeiro (RJ), 11 de julho de 1937
"Ação Nacional" - Jornal "Correio Paulistano". São Paulo (SP), 15 de julho de 1937 - Artigo de Nelson Werneck Sodré
"Ação Nacional" - José Mendonça - A. Coelho Branco Filho - Editor - Rio.
Subordinado ao título de "Ação Nacional", o sr. José Mendonça enfeixa uma série de estudos. Estudos os mais diversos. Versando sobre finanças, sobre alfabetização, sobre defesa nacional. Sobre uma série de problemas que atropelam a atualidade brasileira e que vêm despertando a atenção dos estudiosos. Como signo da orientação a que se propôs mandou escrever, no início do seu livro, as seguintes palavras de Humberto de Campos: "O grande mal do Brasil tem consistido, proclamam-no todos, na falta de crítica: - de crítica política, de crítica cientifica, de critica literária, de critica social. A falta de crítica nas letras, nas ciências, na política, na orientação dos homens, é que determina a anulação do sentimento de responsabilidade, origem de toda a desorganização".
É uma realidade que a crítica, sob todos os pontos de vista apontados, pelo autor de "Poeira", vai surgindo. Existe uma crítica literária da qual me é impossível falar, existe uma crítica política, estreita e vaga, mas que vai melhorando. Existe uma crítica científica, em desenvolvimento, orientada pelos mestres nacionais em todos os ramos do saber. Não existe crítica social, porque é impossível no ambiente brasileiro de agora, desde que o que se exige é uma bitola única para o pensamento.
O livro do Sr. José Mendonça é de crítica política. Nesse sentido, ele aborda vários problemas, estuda várias questões, animado sempre de grande vontade de esclarecer e de acertar. E acerta, muitas vezes. E esclarece, quase sempre. Já o prefácio indica o homem. Sou fundamentalmente contra os prefácios. Combato-os a todo momento, combato-os quase que como um motivo repetido. Mas poucas vezes tenho visto um prefácio que diga resumidamente tão bem o que vai ser o livro, como o desta obra. É curto, é breve. E diz tudo o que há de importante a dizer. Conta o que é necessário. Em meia dúzia de linhas sabemos a orientação geral do autor. É eloqüente, também. Soube resumir, em poucas palavras, o sentido da obra. E, no decorrer das suas apreciações políticas, qualquer que fosse o assunto abordado, soube se manter dentro da linha que se havia imposto no prefácio. Digno de nota isso. Mais excepcional do que parece.
A necessidade de planejamento parece ao autor uma dessas necessidades primárias, imprescindíveis, inestimáveis, sem a qual nada se pode construir de real e de organizado. Efetivamente, o que caracteriza a orientação das coisas públicas, em nossa terra. É o talento das improvisações. Nada se faz com continuidade e com previsão. Tudo nasce de inspirações geniais e morre com os seus autores. Não há programas de construção estabelecidos. Não há orientações partidárias caracterizadas, com idéias bem definidas, com sentidos bem determinados. A luta, no Brasil, se verifica em torno de homens e não em torno de idéias ou de programas, de orientação, em suma. Ora, o Sr. José Mendonça, que parece ter noticia dos planejamentos organizados pelos países europeus e mesmo americanos, no sentido de desafogo econômico e da organização da riqueza, propõe, como base natural para qualquer edificação política, social ou econômica, uma diretriz, um programa, um plano. Nada mais realista, nada mais objetivo, nada mais prático.
Não fica o autor, entretanto, no terreno das idéias gerais. Longe disse. Propõe, exemplifica, comenta e anota. Não satisfeito em criticar o que é sumamente fácil, oferece as suas idéias para serem criticadas, empresta os seus planos para serem estudados. E esses planos variam com os assuntos, com a ordem dos trabalhos a atacar. Decorrem desde o ensino até o crédito, passando pela imigração, pelo saneamento, pela eugenia.
A conclusão é da mesma ordem do prefácio. Umas poucas palavras explicando, sumariamente, o que foi exposto, recordando a orientação geral do livro. Explicando o seu aparecimento e a idéia do autor em publicá-lo.
Certo, alguns erros apontados pelo autor não merecem senão constatação. Eles independem dos homens. Culpá-los desses erros não é mais do que agravar a ordem das coisas. Podemos não possuir as instituições perfeitamente aptas à seleção homogênea dos homens públicos, podemos não possuir orientação, no ensino, no crédito, na imigração, em quase todos os pontos administrativos, mas essas faltas, essas lacunas, esses hiatos tremendos da política brasileira não devem cair, apenas, sobre os homens que empunharam as rédeas do governo. Seria um raciocínio simplista culpar alguns indivíduos duma coisa que eles não poderiam realizar. É mister não descambar para os exageros. Freqüentemente o Sr. José Mendonça é lúcido na sua análise e, escoimando alguns excessos da ordem dos apontados, a sua obra ficaria mais serena, mais equilibrada, mais perto do senso da medida.
Nelson Werneck Sodré
Jornal "Correio Paulistano". São Paulo (SP), 15 de julho de 1937
Trecho da carta do Senador Valdomiro Magalhaes. Rio de Janeiro, de 16 de julho de 1937
"... Por seus artigos ajuízo a excelência da obra. Espero ter a confirmação disso, na prazerosa leitura que vou fazer. Depois lhe mandarei minha desvaliosa impressão."
Trecho da carta de Monteiro Lobato. São Paulo (SP), 29 de julho de 1937
"... Li seu livro no ar, voando, enquanto embaixo de nós desfilava uma faixa da superfície do nosso mundinho. E encantei-me. O grande encanto que os livros dão está no encontro das idéias - e nunca vi livro em que as idéias do autor coincidissem tanto com as minhas.
... Adeus. Eu tinha tanta coisa a dizer que se prosseguisse sairia um livro - e você, meu caro Mendonça, tem serviço. Adeus, adeus. adeus."
Monteiro Lobato
"Ação Nacional", crônicas de José Mendonça - Jornal "A Gazeta de São Paulo". São Paulo (SP), 27 de julho de 1937
"Ação Nacional", crônicas de José Mendonça
Está aqui um livro cheio de boas intenções. O autor declara numa nota preliminar: "Evidenciando os defeitos das nossas instituições políticas, econômicas, sociais e, ao mesmo tempo, indicando as providências que devemos tomar para a formação de uma nacionalidade poderosa; traçando as diretrizes que precisamos fixar para o nosso desenvolvimento, este é um trabalho de construção".
Dentro desse programa, o autor procura abordar todos os problemas que mais de perto nos dizem respeito, como o das finanças, do ruralismo, do saneamento, do trabalho, do ensino primário e técnico profissional, da eugenia, expendendo os juízos mais sensatos e as considerações mais pertinentes.
Em estilo seco, este livro pode por vezes parecer árido, mas o interesse das questões que ele ventila anima por certo o leitor, fazendo-o prosseguir sempre na leitura. Mas este é, principalmente, um livro útil. Num momento em que tanta gente perde tempo e gasta papel em fazer literatura inócua, uma obra séria, tratando seriamente de assuntos práticos, deve ser sempre bem recebida, tanto mais que o autor se mostra seguro na matéria e emite opiniões nada desprezíveis. "Ação Nacional" foi editado por A. Coelho Branco Filho, do Rio.
Jornal "A Gazeta de São Paulo. São Paulo (SP), 27 de julho de 1937
AÇÃO NACIONAL - José Mendonça - A. Coelho Branco Filho - Rio de Janeiro. Vitória (ES), 28 de julho de 1937
Nossa estante
AÇÃO NACIONAL - José Mendonça - A. Coelho Branco Filho - Rio de Janeiro
José Mendonça, compreendendo bem a idéia do grande escritor patrício Humberto de Campos, quando disse que o grande mal do Brasil tem consistido na falta de crítica, "de crítica política, de crítica científica, de crítica literária, de crítica social", o que determina a anulação do sentimento de responsabilidade, origem de toda a desorganização", enfeixou em um bem escrito volume, que A. Coelho Branco Filho edita, uma série de artigos de crítica social e política, onde a situação nacional é vista do ponto de vista mais honesto, sob o critério o mais elogiável. Começando por fazer a audaciosa afirmação de que ainda não há um Brasil Nação e salientar a necessidade do planejamento, estuda processos para ter boas finanças, analisa a decadência do ensino, o imediatismo, a situação dos doutores flagelados pela miséria, melhores meios de difusão do ensino primário, o problema do homem técnico profissional, o "homem público" da Republica Brasileira, a mentalidade política dominante, a maneira como é feito o proselitismo político, o governo que nos convém, o ruralismo, as indústrias fictícias e o protecionismo, o transporte em face com a distância e a questão da ligação entre o norte e o sul do pais, de alfândegas internas, o crédito popular e o crédito agrícola, as indústrias extrativas, a siderurgia e a política do ouro, o problema étnico, onde se refere ao racismo de Hitler para chegar ao sentimento de brasilidade, a emigração externa e interna, a eugenia, a língua portuguesa no Brasil, o problema da distribuição dos sorteados para o Exército, a situação do trabalhador nacional, o saneamento, a justiça, a intelectualidade negativa, enfim, todos os pontos em que se debate a consciência do bem intencionado brasileiro, na procura de uma resolução viável."
Jornal "Diário da Manhã", Vitória (ES), 28 de julho de 1937
Trecho da carta de José Affonso Mendonça de Azevedo. Rio de Janeiro (RJ), 1937
"... Por enquanto aqui fico, felicitando-o pelo seu trabalho, que não desmente o espírito público da família, que se tem em Lucio e Salvador dois grandes representantes, não o tem menor na pessoa do seu avô Francisco de Paula Bueno de Azevedo."
"AÇÃO NACIONAL", JOSÉ MENDONÇA, A.COELHO BRANCO FILHO (RIO). Salvador (BA), 15 de agosto de 1937
"AÇÃO NACIONAL", JOSÉ MENDONÇA, A.COELHO BRANCO FILHO (RIO)
Outro livro de mérito: "Ação Nacional", de José Mendonça. Sociologia e crítica. O sociólogo às direitas. O crítico, às sabendas. Completam-se num plano de ação, que seria de imitar pela outra raça de críticos e sociólogos, que pululam em nossos tempos, já, por si uma sociologia palavrosa e rotunda, que é tradução, quando não cópia de sociologias estrangeiras. O verbo toma lugar aos fatos, que a cada passo o desmentem. José Mendonça refoge ao verbalismo científico, que também o há, e da melhor cepa, e trata os problemas nacionais com a segurança de homem prático, de experimentado das coisas e lousas da nossa ambiência política social. Só o Brasil lhe interessa. Só o brasileiro o preocupa. É ver de como, estudando a fisionomia real do Brasil apresenta estas considerações oportunas. "O Sr. Raul Reynauld (ex-ministro das Colônias e da Fazenda de França), falando sobre a questão colonial, a propósito da luta entre a Itália e a Abissínia, disse que "O BRASIL TEM VÁRIOS TERRITÓRIOS A SEREM UTILIZADOS E APROVEITADOS pelos povos europeus que precisam de expansão". Sirvam-nos a atitude de Itália e as palavras do sr. Raul Reynauld de advertências muito sérias. Não devemos responder ao sr. Reynauld e seus companheiros com insultos, com descomposturas, com manifestações patrioteiras. Eles estão perfeitamente dentro da mentalidade dominante. Precisamos, como já ficou dito, é fortalecer o nosso país, pelo patriotismo que une, que cria a alma nacional, e pelo progresso material, intelectual e moral, de modo que possamos repelir, com altivez, qualquer afronta e qualquer tentativa levadas a efeito contra o nosso brio, a nossa autonomia, a nossa integridade. O Japão conquistando grande parte da China... a Itália invadindo a Abissínia ... as palavras de Hitler ... as considerações do sr. Reynauld ... tomemos as nossas cautelas, ante essas lições terrivelmente cruas e brutas". Diga-se que são temores vãos. Mas as ameaças são positivas. E José Mendonça é quem melhor estuda a nossa realidade precária no momento universal que passa. Não há ninguém que tenha interesse sincero pelo Brasil eterno, que lhe não aplauda as brilhantes páginas do seu "Ação Nacional". Tanto mais de aplaudir quanto menos retórica apresenta a sua mensagem de fé em nossos destinos: "Desejamos, apenas, cumprir o dever, fugindo ao indiferentismo criminoso, ao "laisser faire" da inconsciência ou do comodismo, quando o Brasil, ferido, sangrando por todas as suas veias, para o combate de salvação da nacionalidade". Assim termina o livro, pela voz de "combate de salvação da nacionalidade" que é um pouco diferente da "salvação de personalidade".
Carlos Chiachio"
"A Tarde", de S. Salvador da Bahia, 15 de agosto de 1937
O Dilema de Euclides - Monteiro Lobato - Especial para a Folha de Minas. Belo Horizonte (MG), 17 de agosto de 1937
O Dilema de Euclides
Monteiro Lobato
Especial para Folha de Minas
"... Tudo é possível. Os sinais dos tempos circulam no espaço.
No espaço ... no ar ... e foi no ar, voando num avião da Vasp, que tive a plena sensação do perigo. Meus olhos se alternavam entre o deserto brasileiro, que eu via lá embaixo através da janelinha, e as páginas dolorosas da "Ação Nacional", o livro magnífico dum mineiro corajoso de todas as sinceridades - José Mendonça. Depois de apontar todos os nossos males e os remédios que lhe ocorrem, esse escritor-pensador termina com páginas que deviam ser reproduzidas diariamente por todos os nosso jornais, e lidas diariamente em todas as nossas escolas e decoradas por todos os nossos estadistas de palmo e meio. "Habitando, diz ele, uma região das mais férteis, mais ricas e mais extensas do globo, não podemos, em face dos interesses e das necessidades do gênero humano, permanecer na estagnação, no marasmo, na pasmaceira de até aqui, ocupando inutilmente esta enorme porção do planeta". E cita as palavras de Hitler, no "Mein Kampf", em que esse homem, símbolo de força que nasce do desespero, acentua o fato da superpovoação européia. "Os países superpovoados, em face do dilema de viver ou morrer, têm, num ato de legitima defesa, que tomar pela força os imensos territórios inaproveitados, pertencentes a povos inferiores, povos que não sabem tornar-los úteis à humanidade; terão que povoar esses vastos territórios com europeus, a fim de descongestionar a Europa e prosseguir na obra civilizadora de que os europeus são os principais, senão os únicos fatores."
José Mendonça também cita uma antecipação profética do Conselheiro Lafayette, quando indaga se não surgirá no futuro uma espécie de "desapropriação internacional" por interesses da humanidade, dos grandes territórios que certos povos não sabem tornar úteis ao gênero humano.
Quem nos assegura que Lafayette não teve a intuição do tema jurídico que a Sociedade das Nações lançará sobre a mesa daqui a dez ou vinte anos? E nesse dia será recordada aquela frase de Reynauld, quando ministro das Colônias da França, durante a luta entre a Itália e a Abissínia: "O Brasil tem vários territórios a serem utilizados e aproveitados pelos povos europeus necessitados de expansão"...
Jornal "Folha de Minas", 17 de agosto de 1937
A Conferência sobre Petróleo, pronunciada por Monteiro Lobato no Municipal de Belo Horizonte (MG), 17 de agosto de 1937
A Conferência sobre Petróleo, pronunciada no Municipal
"... O petróleo opera tais milagres ou até influencia a leitura. Antigamente líamos colados à terra. Graças ao petróleo, podemos ler lá em cima, nas alturas, durante um vôo - e a leitura nessas condições se torna prodigiosamente rica de sugestões.
Li um livro dum ilustre compatriota vosso a 2.000 metros de altura, com o que os poetas chamam a terra brasílica lá embaixo e nesgas de nuvens entre ela e o pássaro Roca que me voava.
Um livro de José Mendonça intitulado "Ação Nacional". Cito este fato para frisar um ponto de maior importância. Se eu lesse tal livro à moda comum, sentado numa cadeira de balanço, ou na rede, ou na cama, talvez a obra não me impressionasse tanto. Quantos, dos seus leitores terrestres, prestariam atenção ao capítulo final, arrepiante?
O autor começa o capítulo com estas palavras: "O gênio de Euclides da Cunha, num dilema vigoroso e definitivo, indicou os dois únicos caminhos que se abrem à nacionalidade brasileira: ou progresso ou aniquilamento. Estamos condenados à civilização: ou progredimos ou desaparecemos." Habitando uma das regiões mais férteis, ricas e extensas do mundo, não podemos, em face dos interesses e das necessidades do gênero humano, permanecer na estagnação, no marasmo, na pasmaceira de até aqui, ocupando inutilmente esta enorme porção do planeta. Se quiser conservar sua unidade e sua individualidade, se quiser manter a sua autonomia, o Brasil tem de progredir." ...
"... José Mendonça cita em seu livro as palavras de Hitler no Mein Kampf. Essa obra de Hitler constitui um programa de ação - é um programa de ação da nova Alemanha. Diz ele: "Os países da Europa detentores de quase toda a cultura e de quase toda a civilização humana estão ficando superpovoados, não tendo mais terras onde colocar satisfatoriamente seus filhos. Mais cedo ou mais tarde esses países, em face de uma questão de vida ou de morte, e num ato de legítima defesa da sua existência, terão de tomar pela força os imensos territórios inaproveitados, pertencentes a povos inferiores, que não sabem tornar esses territórios úteis à humanidade. Terão de povoar esses vastos trechos de terras com europeus, a fim de descongestionar a Europa e permitir-lhe que prossiga na obra civilizadora de que os europeus são os principais, senão os únicos instrumentos".
Que regiões desaproveitadas são essas? Quem revoa por cima do Brasil nas asas de um avião sente um aperto de alma. Essas "terras inaproveitadas pertencentes a povos inferiores" estão sobretudo na América do Sul - e nós, brasileiros, somos os donos de metade delas. A imensa região amazônica - um deserto. O imenso pantanal mato-grossense - outro deserto. Goiás, outro deserto. Minas, com mais de meio milhão de quilômetros quadrados, tem a população da cidade de Nova York - é outro deserto. O Brasil inteiro que é senão um deserto de gente - de homens e de idéias?
Ler de avião. Ler e meditar nas alturas: eis o conselho que dou a todos os homens de boa vontade de minha terra. Meditar e olhar para baixo. Visualizar a realidade trágica do nosso Brasil - desse Brasil que na opinião dos poetas de cabeleira é uma ilha de Calipso, mas que na opinião dos homens - lobos de além-mar não passa de um território merecedor de conquista. E o leitor-voador se arrepiará com mais esta citação de José Mendonça - citação das palavras de Raul Reinauld, ex-ministro das colônias da França, pronunciadas durante um debate sobre a ocupação da Abissínia pela Itália: "O Brasil tem vários territórios a serem utilizados e aproveitados pelos povos europeus que precisam de expansão"...
Conferência de Monteiro Lobato no Teatro Municipal de Belo Horizonte em 21 de agosto de 1937.
Publicada no jornal "Folha de Minas", em 24 de agosto de 1937
"Ação Nacional". Jornal "Gazeta do Povo", 15 de outubro de 1937
Um livro que é publicado justamente na época em que algumas bancadas de deputados se reuniram presentemente para a eleição apenas de candidatos escolhidos para o elevado cargo de presidente da nação em vez de se congregarem para uma ação conjunta de nacionalização em lugar da campanha regionalista que os políticos persistem em propagar dando ao Brasil uma falta lamentável de coesão patriótica, de unidade cívica: "Ação Nacional", de José Mendonça, que deve ser lido pelos "regeneradores" de costumes. - F. ALBIZU.
Jornal "Gazeta do Povo", 15 de outubro de 1937
Livros e Folhetos. Jornal "Direito de Pernambuco", 20 de outubro de 1937
AÇÃO NACIONAL
Recebemos as seguintes e últimas publicações da Editora A. Coelho Branco Filho, do Rio de Janeiro:
Ação Nacional - por José Mendonça - São vários estudos sobre problemas financeiros e econômicos do Brasil. O a. aborda a questão do ensino primário, técnico e profissional, o ruralismo, o protecionismo, o problema étnico, imigração, a eugenia, a língua portuguesa no Brasil e várias e importantes questões da atualidade nacional. É um livro de atualidade e interesse.
Jornal "Direito de Pernambuco", 20 de outubro de 1937
LIVROS NOVOS - "AÇÃO NACIONAL" De JOSÉ MENDONÇA. Jornal "O Nordeste", 24 de novembro de 1937
LIVROS NOVOS - "AÇÃO NACIONAL"
De JOSÉ MENDONÇA
Gentilmente oferecido pela Casa Editora de A. Coelho Branco Filho, do Rio de Janeiro, recebemos o livro "Ação Nacional", de José Mendonça. Propõe-se o autor a fazer uma critica serena à desorientação da vida política nacional.
Cita de início Humberto de Campos, que asseverou ser a falta de critica que determina a anulação do sentimento de responsabilidade. O Brasil, no conceito de Fidélis Reis, é um país a organizar. O presidente Getúlio Vargas reconhece-o quando afirma: - "Só nos falta organização".
Dá-nos o sr. José Mendonça um volume de estudos interessantes e oportunos, pondo em relevo os defeitos e indicando as providências, que nos cumpre tomar, em bem da prosperidade do país.
Para realizar esse ideal necessitamos de um planejamento, a fim de que não fiquemos no vezo de agir a esmo. Só um governo heróico será capaz de levar a efeito o conserto da coisa pública. Esse governo não há de ser extremista: O fascismo e o bolchevismo não se coadunam com a realidade social brasileira, com a nossa mentalidade e com as nossas tradições. Há de ser um governo como o de Salazar, que não asfixie a liberdade popular, mas dirija, com probidade e com sacrifício próprio, a economia e as finanças nacionais.
É, sem duvida, um estudo interessante e cheio de observações de muita oportunidade para orientação do pensamento brasileiro, nesta hora de tão grande anarquia da inteligência, no seio das multidões, extraviadas pelo periodismo incompetente e a serviço, muitas vezes, do capitalismo estrangeiro.
Jornal "O Nordeste", 24 de novembro de 1937
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